Jejum intermitente e doenças autoimunes: como essa prática pode ajudar na remissão

Explore o potencial do jejum intermitente no tratamento de doenças autoimunes e veja como ele pode reduzir inflamações e melhorar sua qualidade de vida

JEJUM

Gustavo Carvalho

10/19/20246 min read

As doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide e fibromialgia, impactam milhões de pessoas ao redor do mundo, trazendo desafios diários com inflamação crônica, dor e fadiga. Embora muitas dessas condições não tenham cura definitiva, o jejum intermitente vem surgindo como uma prática promissora para ajudar a controlar os sintomas e, em alguns casos, promover até mesmo a remissão. Mas como essa abordagem alimentar pode influenciar o sistema imunológico e reduzir a inflamação?

Pesquisas recentes indicam que o jejum intermitente faz muito mais do que ajudar na perda de peso — ele pode reprogramar a forma como o corpo responde às doenças, promovendo a regeneração celular e ajudando a modular o sistema imunológico. Neste artigo, vamos explorar como essa prática pode impactar diretamente doenças autoimunes, oferecendo não apenas uma melhora na qualidade de vida, mas também uma nova esperança para quem vive com essas condições.

Modulação do sistema imunológico através do jejum

O jejum intermitente promove a renovação de células do sistema imunológico por meio de um processo chamado autofagia, que elimina células danificadas e permite a regeneração de novas células saudáveis. Em indivíduos com doenças autoimunes, essa renovação celular é crucial, pois o sistema imunológico desregulado muitas vezes ataca tecidos saudáveis. Ao melhorar a eficiência do sistema imune, o jejum pode ajudar a restaurar o equilíbrio e reduzir os ataques autoimunes.

Além disso, o jejum estimula a produção de células-tronco hematopoiéticas, responsáveis pela regeneração de glóbulos brancos. Esse processo pode ajudar a "resetar" o sistema imunológico, favorecendo a tolerância autoimune e reduzindo a inflamação, um dos principais fatores de agravamento das doenças autoimunes.

Redução da inflamação sistêmica

A inflamação crônica é uma característica central de muitas doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e o lúpus. O jejum intermitente tem se mostrado eficaz na redução dos marcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa e o fator de necrose tumoral (TNF-α). Durante o jejum, o corpo entra em um estado de reparação, onde os níveis de inflamação diminuem, permitindo que os tecidos afetados se recuperem.

Essa redução é especialmente importante em condições como a artrite reumatoide, onde a inflamação crônica das articulações causa dor e deformidades. Pacientes que adotam o jejum relatam uma redução nos episódios de inflamação e uma melhora na mobilidade e qualidade de vida.

Melhora da sensibilidade à insulina e impacto no lúpus

O jejum intermitente promove a melhora da sensibilidade à insulina, o que é crucial para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, já que essa doença está associada a distúrbios metabólicos, como a resistência à insulina. Ao melhorar a regulação da glicose, o jejum intermitente estabiliza o metabolismo e reduz picos inflamatórios, ajudando no controle dos sintomas.

O jejum também influencia a ativação de sirtuínas, proteínas que desempenham um papel importante na resposta ao estresse celular e no metabolismo. As sirtuínas protegem o corpo contra o estresse oxidativo, crucial para pacientes com lúpus, já que o estresse oxidativo exacerbado está ligado à progressão da doença.

Redução dos sintomas da fibromialgia

A fibromialgia é uma doença autoimune caracterizada por dores musculares generalizadas, fadiga e sensibilidade em pontos específicos. Embora a causa exata ainda não seja clara, há evidências de que o jejum intermitente pode ajudar a reduzir os níveis de dor e fadiga.

O jejum aumenta os níveis de beta-endorfina, um analgésico natural produzido pelo cérebro, ajudando a mitigar a dor crônica. Além disso, melhora a função mitocondrial, permitindo que as células musculares produzam energia de forma mais eficiente, o que pode reduzir a fadiga experimentada pelos pacientes.

Efeitos neuroprotetores nas doenças autoimunes

Outro benefício importante do jejum intermitente é seu efeito neuroprotetor, especialmente em doenças como a esclerose múltipla. Estudos mostram que o jejum pode estimular a produção de fatores neurotróficos, como o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), que ajuda a proteger e regenerar células nervosas danificadas.

Além disso, o jejum reduz a inflamação no sistema nervoso central, o que pode prevenir a progressão de doenças autoimunes que afetam o cérebro e os nervos periféricos.

Jejum e melhora do intestino: o eixo intestino-imunidade

A saúde intestinal desempenha um papel crucial no desenvolvimento de doenças autoimunes. Disfunções como o intestino permeável podem desencadear respostas autoimunes. O jejum intermitente ajuda a restaurar a integridade da barreira intestinal, reduzindo a translocação de toxinas e outras substâncias que ativam o sistema imunológico.

Ao melhorar a saúde intestinal, o jejum favorece um equilíbrio saudável das bactérias intestinais, o que pode ter um impacto positivo na função imunológica.

Doenças autoimunes beneficiadas pelo jejum intermitente

O jejum intermitente tem mostrado potencial em melhorar a qualidade de vida e reduzir os sintomas de várias doenças autoimunes. Aqui estão algumas condições que podem ser beneficiadas:

  • Artrite reumatoide: Redução da inflamação nas articulações, alívio da dor e melhora na mobilidade.

  • Lúpus eritematoso sistêmico: Melhora da sensibilidade à insulina e redução do estresse oxidativo.

  • Esclerose múltipla: Efeito neuroprotetor e promoção da regeneração de células nervosas danificadas.

  • Fibromialgia: Redução da dor e fadiga, com melhora da função mitocondrial.

  • Psoríase: Redução dos surtos inflamatórios na pele e nos tecidos subcutâneos.

O jejum intermitente como estratégia promissora no tratamento de doenças autoimunes

O jejum intermitente tem se mostrado uma prática promissora no manejo de doenças autoimunes, oferecendo benefícios significativos na redução da inflamação, regulação do sistema imunológico e promoção da saúde metabólica. Embora mais estudos sejam necessários para confirmar a extensão desses efeitos, os resultados atuais são encorajadores. Pacientes com lúpus, artrite reumatoide, fibromialgia e outras condições autoimunes podem se beneficiar ao incorporar o jejum em suas rotinas, sempre com acompanhamento médico para garantir a segurança.

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Perguntas frequentes
  1. O jejum intermitente pode substituir os medicamentos para doenças autoimunes?
    Não, o jejum intermitente deve ser visto como uma abordagem complementar e não como um substituto para os medicamentos prescritos. É fundamental seguir o tratamento indicado pelo médico e discutir o jejum com um profissional de saúde antes de adotá-lo.

  2. Quais os riscos do jejum intermitente para pessoas com doenças autoimunes?
    Em alguns casos, o jejum pode desencadear deficiências nutricionais ou agravar sintomas se não for feito de maneira adequada. Portanto, é essencial o acompanhamento de um médico ou nutricionista para evitar efeitos adversos, como fadiga extrema ou crises autoimunes.

  3. Quanto tempo leva para perceber os benefícios do jejum intermitente em doenças autoimunes?
    Os resultados variam de pessoa para pessoa, mas alguns podem começar a perceber melhorias na inflamação e nos sintomas dentro de algumas semanas. No entanto, é importante manter uma prática constante e monitorada.

  4. O jejum intermitente pode ser praticado por todas as pessoas com doenças autoimunes?
    Não necessariamente. Algumas pessoas podem não reagir bem ao jejum, especialmente aquelas com condições mais graves ou com necessidades nutricionais específicas. É crucial ter acompanhamento médico para avaliar se o jejum é adequado para o seu caso.

  5. Qual é o melhor protocolo de jejum intermitente para doenças autoimunes?
    Isso varia com cada indivíduo e com a doença autoimune em questão. Protocolos mais leves, como o 16/8 (16 horas de jejum e 8 horas de alimentação) ou jejuns intermitentes alternados, podem ser uma boa opção, mas o acompanhamento profissional é essencial para ajustar o protocolo às necessidades de cada paciente.

Referências bibliográficas

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